sábado, 4 de junho de 2022

Pandoremia

Tem muita gente ensandecida.
Na subida ou na descida, todos no mesmo lugar, com diferentes pontos de vista, com o risco de cair.
Quem está numa reta, frente ou trás, com o risco de ficar parado.
Sociedade vivendo entre doença e cura. Dói essa cura. Doença social, ética, mental, corporal, de ego, de gasto. Todos desgastados.
Todo mundo vivendo seu ismo e sua razão. Vários se fundamentam, mas se perdem no ódio. Alguns não se perdem no ódio, mas na prepotência. Alguns se resguardam no silêncio. Silêncio que protege e corrói.
Solidão em meio a uniões contra um dos lados.
Não é joio e trigo se separando. É quase todo mundo sendo joio, duro e inflexível. E a máquina passando por cima, pois vocês têm que quebrar. 
A destruição nos chega. No isolamento ou nas ruas. No não emprego ou na não rotina. No pensamento silencioso que tenta a algumas reflexões (às vezes boas) ou na divulgação do pensamento que espera pelas reações (nem sempre boas).
Os cristãos do amor incondicional disseminando ódio, com as mais embasadas justificativas. Ainda assim é ódio.
Os acadêmicos da empatia disseminando ódio, com as mais embasadas justificativas. Ainda assim é ódio.
Todos reacionários. Todos repulsivos.
Nem dá para julgar: vocês têm fatos e argumentos para defender o que defendem. Não é mesmo?
Têm também o direito de sentir o que sentem. 
Mas o direito a sentir o que sentem não é necessariamente a mesma coisa que não refletir e analisar tudo o que nos chega e nos causa esses sentimentos. E também vomitar o que sentem porque não conseguiram digerir de tanta coisa.
Cadê os filtros?
Também estou querendo os meus. Acho que deletei, pensando que os do Instagram eram melhores, sei lá.
Eu nem tenho conseguido organizar minhas ideias direito. Não tenho muita vontade de fazer parte desse mundo que só culpa o outro. 
Perceberam isso? A resposta, a responsabilidade, a culpa, o erro, é sempre do outro.  O descontentamento, a decepção, a desconfiança, é sempre com o outro. 
Não é pra anular isso, acontece mesmo e às vezes tem sentido. Mas isso acontecer é diferente de isso ser a única coisa que acontece. 
Há um provérbio que diz: "Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo, dá três voltas na tua própria casa."
Conseguimos?
Nessa sociedade com sintomas e reflexos de persecução e narcisismo.
Eu queria terminar meu texto como muitas vezes faço, conseguindo trazer uma boa reflexão, um bom pensamento ou algo assim...
Mas essas guerras disparam por todos os lados e às vezes eu não consigo desviar. Estou atingida.
Se eu puder pedir algo é apenas para que você compreenda e ame mais ao seu irmão de carne, até aquele que tem ideias que você abomina. Abomine suas ideias, debata os assuntos se for cabível ou ignore se achar válido. As ideias, não os seres.
Todos nós dividimos a mesma mãe Terra e não respeitamos nada dela. Absolutamente nada.
Muitas mudanças acontecem.
Em que caixa empacotamos o respeito? 
Está fazendo falta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário