terça-feira, 29 de outubro de 2019

Violadora 618

Atirou em mim!
Acertou, mas não doeu.
Seu violão foi a arma usada,
A munição foram as palavras das canções disparadas...
Abriu-me buracos de luz.
Quase um tiroteio...
De amor
E descobertas.
Não resisti aos ferimentos
E morri para renascer nos teus abraços.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Todo dia alguém morre


Todos os dias que alguém próximo de nós não morre nos dão a impressão que não é todo dia que alguém morre.
Mas assim como todo dia alguém nasce, todo dia alguém morre.
E, talvez para não vivermos a todo tempo em sofrimento, só nos sentimos tocados pelas mortes de alguém próximo ou pela morte veiculada como notícia, que nos faz ver atrocidades e fatalidades.
A morte é natural à vida e nunca nos acostumamos com ela.
Ela nos parece injusta. Ou nos arranca alguém sem aviso prévio ou nos assusta com seus avisos inentendíveis ou inaceitáveis.
Da visão do mundo em carne, ou seja, desta vida material, fica muitas vezes difícil de compreender o porquê de tanta gente que se vai.
Por isso, talvez, muitas vezes a religião ou a fé acalentam.
Penso que cabe-nos o exercício de lembrar que se não julgarmos a questão, se não nos prendermos em buscar respostas, se não nos anularmos perante a estes momentos de dor, por mais que não seja desejada ou que não seja a solução, a morte é o destino final de tudo o que vive e não há o que fazer para mudar isso.
E, não tendo o que fazer para mudar a morte e o morrer, que ajamos em vida em tudo aquilo que nos toma o pensamento quando nos enlutados, para que, ao nos depararmos com a morte, não sintamos que ficamos em falta durante a vida.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Total flex

A vaidade e o orgulho são combustíveis da economia.
Auto-aceitação, cuidar-se e amar-se são valiosos gestos para consigo. Contudo, sua importância real e efetiva se dá quando estes gestos são de você para com você.
Caímos na armadilha de expormo-nos para o outro, tornando nossa auto-aceitação subordinada à aceitação do outro, do status, da moda, do socialmente aceito.
Deslizamos quando amar a nós mesmos é mais difícil do que buscar preenchimento nas relações superficiais.
Sem perceber validamos mais o extrínseco que o intrínseco.
Não quero dizer isso para apontar erros, talvez seja mais para alertar sobre nossos automatismos, já que assim vamos deixando de alimentar nosso interior, para alimentar a economia.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Meus desabafos para ninguém ler


Você não percebe coisas que faz e, mesmo sem querer, respingos atingem quem quer tua paz...
às vezes é a idade, às vezes a criação, às vezes a personalidade, às vezes a preocupação...
O seus às vezes variam, mas quem tem estado em todas as vezes não são os colegas dos momentos de lazer, nem tão pouco os que vão "a sua" dessa vez "fazer".
É um salvando o outro. Que bom que tem amigos. Mas as fugas que eu assisto, eles não vêem. 
Não sou a perfeição em pessoa. Erro. Sou difícil, tanto quanto sou boa. Mas às vezes o tanto de"às vezes" que me atingem, vezes o tanto de "às vezes" que sou eu que abraço, me sufocam e me distanciam da minha destreza em ser balança. Meu equilíbrio em pesar os pesares, se cansa e me solto em dança, em busca da reconquista que nem sempre vem.
Reflito...
Num dia todo convicto, "durmo eu na sua ou você na minha"?
No outro, o meu "hoje durmo na sua", sem chance nenhuma de se realizar.
Tão pouco pra você, eu sei. Nem era muito no começo, pra mim. Até perceber que algumas "trocas" não chegaram ao fim.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Por que não dói em vocês?

É dolorido ver morte onde as pessoas vêem prazer
É dolorido ver sofrimento onde as pessoas vêem gozação
É dolorido ver exploração onde as pessoas vêem entretenimento
É dolorido ver desrespeito onde as pessoas vêem diversão

É tanta dor que passa pelo meu corpo, que ele aprendeu a tolerá-la pelas vias do silêncio e a combatê-la pelas vias do tentar não fazer parte dessa dormência sentimental e pouco empática.
Porém...
Tem hora que a impotência dói até mais do que assistir a tudo isso.
E, para essa impotência, minha mente não deu solução. Daí volta o ciclo da dor.