quinta-feira, 8 de outubro de 2020

ângulo e olhar

 Se ninguém enxerga com outros olhos, senão os próprios, não há pontos de vista totalmente certos ou totalmente errados, há melhores ângulos para enxergar o que se quer ver. E às vezes, mesmo sem querer, pode ser melhor mudar de ângulo para enxergar de outra forma, que mais se consiga ver na totalidade aquilo que se observa.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Eu disse "assim que der", mas não deu...

Tem coisa que a gente consegue deixar pra quando der
Mas o tempo não avisa quando vai acabar
E a gente nem percebe quanto depois que não acontece
Assim que der eu me expresso
Assim que der eu conserto
Assim que der eu explico
Assim que der eu aprendo
Assim que der eu vou atrás
Assim que der vivemos
Assim que der nos vemos
Assim que der conversamos
Assim que der passeamos
Assim que der relembramos
Eu disse "assim que der"
Mas não deu...
E que ela me perdoe e perdoe os depois meus
Tem coisa que a gente consegue deixar pra depois
Alimentar o amor não é uma delas
Quando não deu que eu aprendi
E agora sou eu quem espera o tempo
Mas assim que der eu mostro pra ela
Que não foi em vão esse ensinamento

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Conduta

Não sei se segredo
Ou enigma
Em alguns dos sentidos, estigma...
Uma marca,
Não por ferida,
Mas por toque.

Contato.

Palavras trocadas.
Ambiguidade velada.
Silêncio.
Construção.
Coesão.

Inacessível à razão,
Mas desvendável, 
Ritualístico, 
E voluntário.

Mistério,
Sincero.

Guardado.

"."

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Leve sê...

Eu sei quem sou, mas não sei quem sou neste mundo controverso.
Eu sei quem sou, mas não sei quem quero ser nesse mundo dolorido.
Eu sei quem sou, mas não sei não ser o que sou quando deveria saber.
Eu sei quem sou, mas têm horas que ser de outras formas pareceria dar mais certo.
"Quando a gente descobre quem é, tudo fica mais fácil. Quando a gente se assume sendo quem e, a vida fica mais leve". Se e assim, tô errando em alguma coisa. Ou só tô no lugar errado, não sei.
Eu me vejo leve. Mas não é leve estar aqui.
Que a vida leve, leve, me leve, me eleve.
Só não quero desistir de ser e sempre redescobrir quem sou.

sábado, 23 de maio de 2020

Ê, ô,ô, vida de gado.

Tem gado pra procriar
Tem gado pra amamentar
Tem gado de todo lado
Tem gado pra ser vitela
E gado pra ser ração
Enquanto isso os donos da fazenda só vão 
marcando os gados
Uns vão prum lado
Outros pro outro
Uns ficam parados
Mas pro sistema
É tudo gado
Número, objeto, lucro, ou prejuízo.
Como tratamos estes bichos, é também como somos tratados.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Abraço solo.

Quem abriu os braços para dar colo a quem quisesse, percebe-se tendo de abraçar-se.
Talvez esse abraço seja bom.
Feche-se
Resguarde-se
Tranque-se
Fechada em si mesma, descubra-se.

sábado, 4 de abril de 2020

Costume

Alimenta-se de tristeza
Posta no prato
E ao redor da mesa
E em qualquer das duas
Há uma máscara embelezadora
Alimenta-se de dor
No coração partido
Ou do último grito não ouvido
Algo barulhento
Acostumaram-se a não ouvir
Alimenta-se do sangue
Mal passado
Ou estruturado
Que fica bonito na foto
O no novo objeto comprado
Alimenta-se do consumo
Que te consome
E consome o mundo
Relações descartáveis
Do alimento
Ao sentimento
Teu gosto em primeiro lugar
Gera morte
Visível ou por dentro.

Treze

Quanto suas relações têm se tornado likes, seguidores, melhor ângulo da foto pra postar, frase feita pra acompanhar?
Quanto seus ouvidos não escutam mais a fala do outro ali a sua frente, enquanto a vontade é de estar deslizando o dedo sobre a tela em busca de mais uma informação que possa merecer seu dedo parado "segurando" a postagem por um tempo e um pensar se dá ou não aquele "gostei" ou alguma outra reação?
Quantas fotos você tira para depois eleger qual vai para o seu mural da fama? Quantas vezes vai conferir como ficou depois que postou? Quantas vezes atualiza pra ver quem interagiu e sente uma angústia pela demora do retorno ao investimento virtual?
Quantas pessoas te seguem e você não sabe quem são? Talvez tenham algum interesse em comum por isso o sistema os aproximou, mas não importa qual na verdade... me segue que tá bom...
Quantos silêncios em turma seguidos de "olha a foto" e aquela pose feliz como se a alegria estivesse no registro e não no momento?
Quantos rolares de dedos rápidos quando vê na rede o que não quer ver, buscando algo melhor pra aliviar aquela coisa ruim que quase te atingiu? Quantas postagens sobre os assuntos tristes da semana só pra estar por dentro, sem perceber que na verdade está bem por fora, compartilhando ideias superficiais ao invés de conhecimentos basais?
Como está sua vida fora daqui?
Como está sua vida quando você se encontra só, sem conversas virtuais, sem fotos com filtro, sem status pra desabafar, sem histórias para o dedo rolar?
Como você está se tudo isso acabar? Como você fica? Quem você tem? Que lembranças e memórias? De quem você sabe o aniversário, o contato, o endereço?
O que te faz sorrir e ser o sorriso o suficiente, sem precisar mostrá -lo no seu bussiness?
O que te faz querer mudar a si mesmo e até ao mundo, senão o assunto do momento?

Qual é o teu silêncio mais gostoso de ouvir? Desliga tudo por um tempo e pensa sobre.

O Sol tem um dos mais belos efeitos especiais - fica a dica.

A morte nos rodeia

A morte nos rodeia...
A morte do outro
A morte do eu
A morte do sonho
A morte da crença
A morte da inocência
A morte da paz
A morte da esperança
A morte do espontâneo
A morte da análise
A morte da ingenuidade
A morte do manifesto
A morte do movimento
A morte da troca
A morte do ser
A morte do planeta
A morte do tempo
E a que a morte dá lugar?
Quantas são matadas e quantas são morridas?
Qual morte dói menos?
Quantas mortes eu já não causei? Quantas eu já não morri?
E a vida, um sopro, morre ao poucos, nos fragmentos, em instantes, nas palavras ditas e não ditas, na eternidade de viver em busca de não morrer.
A gente vê morrer. A gente provoca o morrer. A gente mata e morre.
E quando a morte chega, a gente não esperava.

01-08-2019

sexta-feira, 3 de abril de 2020

O trato com as coisas da vida

Estavam uma senhora e sua neta, numa tarde singela, daqueles dias em que garoa, mas também faz sol, plantando mudas de Camapú.
Ao arar a terra, a senhora percebeu que sua ferramenta pressionava uma minhoca. Ela parou, soltou a ferramenta, e disse:
- Desculpe-me, desculpe-me! Não quis te machucar! Vou tomar mais cuidado.
- Nossa, vó, mas se for tomar cuidado nessa terra cheia de bichinhos, a senhora não termina o plantio hoje, não. - disse a neta.
- Assim é a vida, minha querida. São poucos os que notam o quanto devemos nos ater às nossas ações para não machucar ninguém...

quinta-feira, 26 de março de 2020

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Boas ações
Não precisam dizer sobre a dificuldade do outro,
Mas sobre a generosidade de alguém.

Não é crônica - É crônico.

Redação do Enem
Tema:
Coronavirus- "devemos voltar à normalidade"?

"O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então por que fechar as escolas?"
Porque: "90% de nós não teremos qualquer manifestação, caso 'se contamine'" 
Portanto: "Devemos sim [nós que não teremos qualquer manifestação] é ter extrema preocupação em não transmitirmos o vírus aos outros"
Ou seja: Todos os que "nada sentiriam" iriam usar máscaras e se isolar se, provavelmente, por não sentirem nada ou um resfriadinho qualquer (pois, sem tosse ou falta de ar não é covid-19) nem o exame fariam?
Deste modo: A vida segue, mas mantenham-se extremamente preocupados em não transmitir aquilo que vocês não sabem que têm, assim como meus 22 agregados que voltaram infectados da viagem aos EUA.


Mais falia

Algumas mil vidas não podem parar a economia;
O sistema não pode quebrar, mas pessoas, principalmente as que não chegam a ser nem meros números, estas podem, se não, devem, morrer;
Só doamos segundo a hierarquia de quem tem para quem não tem;
Só fazemos pensando no que ganharemos em troca - seja na terra ou no céu;


Tudo é mais valia
Enquanto
Tudo o mais falia.

Sanidade

Tô em circulos
Circunferências
Giro, giro
Em torno de mim
Em torno do mundo
Rodinha de rato
E a porta da gaiola aberta
Mas o medo de cair
De tropeçar
De rolar
De prender o pé e não descer
Me mantem mantendo a roda
Tô em círculos
Circunferências
Giro, giro
E não saio do lugar.

terça-feira, 17 de março de 2020

A dor, amor.

Me faço em artes, partes, sonhos, medos, anseios e reflexões.
Às vezes tudo é muito à flor da pele, às  vezes insensível.
Às  vezes busco respostas que eu não  quero e às vezes respondo tudo o que não querem ouvir.
Me disponho ao mundo e nem sempre tenho em troca o mesmo dispor. Mas quem disse que eu agi esperando algo em troca? É  o ego quem vem querer impor algum dever no que me é  direito... amar, sem preceito.
Amor do respiro que suspira a mágoa ao que suspira a satisfação.
Me faço em artes, partes, sonhos, medos, anseios, reflexões e as vezes dor. Mas em tudo isso, meu ingrediente base, será Amor.
E quando, por algum motivo ele faltar, farei o necessário para o encontrar.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

"Meu Carnaval"

Entrudo, Zombaria
Desagrado, Repressão
Gentrificação, Elitismo

Cordões, Marchinhas
Samba, Afoxé
Frevo, Maracatu

Tradição cultural
Investimento
Turismo
Lucro

Festa da carne
Adeus à carne
Paganismo
Cristianismo

Liberdade de expressão e movimento

Comercialização do entrudo
Mercantilização da zombaria
Divisão popular, elitizaria

Consumo dessa cultural mercadoria

Ensimesmados extrovertidos
Loucura compartilhada
Vendida em frente à disciplina
Enfrenta a concorrência
Em meio às fantasias
Lança, doce, "refri" e bala

E eu, no meu carnaval,
vivendo minhas quartas-feiras de cinzas.