quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Riscos a se contar

Eu me arrisquei
Em riscar os nossos traços
Em traçar os nossos planos
Em planar em nossos sonhos
Em sonhar com nossos desejos
Em desejar que arriscassemos

E então rabisquei algumas linhas
Pra desenhar os nossos traços

Mas foi um risco
E deu lugar ao meu arisco

Quis rasgar o tal papel
Engavetá-lo junto aos nossos
planos, sonhos e anel
Mas um gesto tão bonito
Não pode ficar escondido
Arriscado às traças

E então preparado está
Enrolado com um pano feito laço

Esperando ver se este será solto
Para ser coisa bonita a se contar


Mandala

Ao mandá-la embora, sentiu um frio na barriga e um medo de não estar fazendo a melhor escolha.
Ao mandá-la embora, sentiu que parte de si partia junto com a partida dela.
Ao mandá-la embora, sentiu um embrulho no estômago como se o mundo girasse e não fosse possível descer.
Ao mandá-la embora, descobriu que quem queria ir era ele próprio. E então gritou: - fique! Mas já era tarde.
Ela ainda olhou para trás, ela ainda parou, ela ainda abaixou a cabeça, ela ainda quis ficar.
É que ao mandá-la embora, girou a mandala do tempo, que não volta, que não para, que não recolhe o que foi jogado.
Ela então descobriu-se mandala. E ninguém mais seguiu a mandá-la sem que fosse permitido a mandala seguir.