Por qual motivo continuar? Eu não sei bem. É tanta hipocrisia, é tanto egoísmo, é tanta mentira, é tanto interesse, esnobação e desprezo. Cadê o cão expulsando as pulgas num sacolejo? Eu sei que vou continuar, vou achar motivos pra sorrir, mas sabe aquele balde embaixo da pia? Aquele balde que gota a gota do vazamento vai se enchendo? Vazou. E precisei, mesmo que não todo, esvaziá-lo um pouco.
E vim aqui, pra escrever, pra descrever, pra descrer e ver. Pra descrer um pouco das minhas crenças sólidas, sórdidas, sólitas, pois estou a ver um pouco daquilo que a minha visão, tão fugaz, de paz, lilás, ofusca.
E dói, mas como dói, como corrói. Mas não destrói, pois minha força não é feita de matéria, ela é feita do inexplicável, do impalpável, mas mais concreta que muita coisa dessa vida! Talvez me enfraqueça, me incomode, ainda estou humana, e, é desse desanconchego que vou arranjar forças pra me ajeitar ou me levantar, pra modificar.
Daí eu entendo o que eu vim descrer, descrer desse mundo de que não faço parte, dessa dor que não me reparte, descrer dessa artificialidade, descrer do que querem que eu creia. Entendo o que eu vim ver, ver que meu mundo paralelo, transversal, controverso, é minha força pra vencer, pra ser exemplo, pra ensinar e assim aprender, ver que tempo passe, tempo fique, doa, corroa, eu ainda poderei ver, pois meus olhos não são mais carnais e mundanos, posso ver (e por isso tão sensível é o sentir) com os olhos fechados, pois aprendi a enxergar com a alma.
Daí eu entendo que eu vim crescer. Crer e Ser.
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