quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Roda Gigante

No descaso do acaso, me senti mais forte, me senti mais firme, me senti mais eu.
Aquele eu desconhecido, de quando sou verdade nesse mundo de mentiras. Aquele eu desapercebido, que passa despercebido e por isso se faz mais forte, firme, mais eu. Mas dante... Ah, antes...
Na troca de olhares tortos, já me desvali e, na roda gigante em que me colocaram, de lado, de canto, de olhos vendados, só conseguia perceber o movimento, sem saber a direção, o sentido, mas da ação fazendo parte. Sem saber direito o que acontecia, comecei a refletir e reaprender o meu valor. Percebi então,  que talvez, se não houvessem me colocado nessa roda gigante, de olhos vendados, eu não teria visto, sem troca de olhares, o meu valor e nem teria aceitado-o, com sobriedade.
E repentinamente a roda gigante pára e me desvendam os olhos e me tiram as algemas feitas de nada e me deixam a porta aberta, destrancada...
Mas eu não desço, ali continuo, olho as pessoas nas outras cabines, sendo vendadas e decido, agora, apreciar a roda gigante, a paisagem, o movimento, as descobertas, a brisa de vento, a luz, os sons, o eu. Na roda gigante agora estou por querer estar, não há troca de olhares tortos, sei do meu valor, do meu tempo, das angústias e dos alívios, sei de mim e, sei, que, hora ou outra, terei de descer, pois alguém precisará subir e girar e sentir e viver...
E no caso do descaso, me senti mais forte, me senti mais firme, me senti mais eu.

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